Internacional
Brasileira é nomeada “Babá do Ano” nos EUA
Com dez anos de experiência na profissão, Thaty Oliveira vivencia uma carreira de sucesso nos Estados Unidos. Recentemente nomeada “Babá do Ano Internacional 2022” pela Associação Internacional de Babás, além de ter dois mestrados pela Cambridge College e um livro já publicado, a brasileira tem provado que ser babá educadora é coisa séria e exige qualificação.
Natural de Lençóis Paulista, interior de São Paulo, Nanny Thaty, como ficou conhecida, vive há 19 anos em Cambridge, estado de Massachusetts (EUA). Oliveira conta, em entrevista, que foi morar nos Estados Unidos através de um programa de “Au Pair” (modalidade de intercâmbio na qual a pessoa viaja para trabalhar cuidando dos filhos de uma família do país de destino), e já chegou ao país atuando como babá.
“Eu vim pra cá como ‘Au Pair’, que vendem no Brasil como se fosse um intercâmbio, que você vem aqui pra ser tipo uma irmã mais velha, mas a realidade logo percebi que não é isso. É um programa de trabalho mesmo, você chega a trabalhar até 45 horas por semana, com crianças, então eu tive muita sorte. Eu amei a minha família, eles me deram muito direcionamento nessa questão de cuidar de criança em casa, porque, até então, eu tinha uma certa experiência dando aula de inglês, mas realmente não com cuidados particulares de criança, na residência das pessoas, então foi aqui mesmo (nos EUA) que eu ganhei experiência, continuei fazendo e me apaixonei”, explica.
Com vasta experiência e conhecimento acumulado ao longo dos anos, a babá possui uma fila grande de pais que buscam pelos seus serviços e relata que decidiu seguir a carreira muito mais pela aceitação do que fazia do que por uma decisão.
“Eu já sabia o que eu estava fazendo, que o meu trabalho era o de uma babá educadora, mas eu não sabia que ser babá era uma escolha de carreira. Então, foi a fase em que eu decidi mesmo deixar de ser professora e fazer as pazes comigo mesma, e reconhecer o trabalho que eu fazia em casa como uma babá educadora, como uma professora particular. Foi a parte em que eu deixei pra trás o que a sociedade fala, parei de dar bola e decidi seguir meu coração mesmo. É isso que eu faço, é isso que eu gosto. Eu já sabia o valor do trabalho que eu estava fazendo, então foi assim, uma transição pessoal, mais do que tudo”, diz.
Em 2012, Oliveira então decidiu se dedicar de forma completa à profissão, logo após o seu último ano trabalhando como professora e, desde então, tem se dedicado a estudar e aprimorar os seus conhecimentos, tendo recebido a “Certificação de Liderança da Primeira Infância”, concedida através de um programa de pós-graduação que durou 2 anos, na universidade Harvard.
“As minhas formações acadêmicas começaram antes, continuaram durante e continuam até depois (de se tornar babá educadora). No Brasil, antes de vir pra cá (EUA), eu já comecei a cursar o Normal Superior, que na época foi a primeira turma que deixou de ter o Magistério”, relata.
E completa: “Quando eu vim para os Estados Unidos, como ‘Au Pair’, voltei a fazer Letras e, quando eu voltei de vez pra cá, em 2006, eu terminei o meu Bacharel em Educação Infantil. Depois disso, eu continuei fazendo mestrado, fiz o MBA também. Tenho mestrado em Educação e mestrado em Gerenciamento de Pessoas e Liderança, que eu fiz mais para trabalhar com os pais”.
Múltiplos desafios aguardam quem deseja atuar como babá no exterior, como adaptação à cultura local, clima diferente do Brasil, formas diferentes de educação, língua falada no local, e muitos outros. A educadora diz que, ao se deparar como babá nos EUA, o principal desafio enfrentado por ela foi se socializar com outras babás para trocar ideias, já que a atividade não possibilita ter colegas de trabalho, por exemplo.
“Você trabalha dentro de uma casa de uma família e não tem colegas de trabalho, e eu, particularmente, sou bem tímida, apesar do pessoal não acreditar nisso. Mesmo nos parquinhos, lugares em que geralmente as babás se conhecem, eu não conheci muitas babás, principalmente no começo. Passaram uns dois anos para eu ter colegas de trabalho, sabe? Eu tinha algumas ‘Au Pairs’ amigas, mas que também moravam muito longe. Então, seria mais esse isolamento que eu senti em não poder trocar essas ideias, as experiências, porque era uma coisa nova pra mim”, conta.
Sobre os preconceitos relacionados à profissão, Nanny Thaty relata que infelizmente eles existem e não só no Brasil. “Muitas pessoas não consideram isso um trabalho, uma carreira, ser babá não é uma profissão que você ouve seus pais falando ‘quando minha filha crescer eu gostaria que ela fosse babá’, então há uma certa ignorância sobre o que envolve ser uma babá, de todas as responsabilidades, de todas as habilidades que a pessoa precisa ter. O pessoal acha que cuidar de criança é só aquele instinto materno que vem, manter a criança viva e pronto, e não é”.
Já em relação às diferenças entre ser babá nos Estados Unidos e no Brasil, Oliveira conta que no país norte-americano, a valorização dada à profissão é maior.
“Por mais que a gente sofra ainda um certo preconceito pela escolha de carreira, eu creio que tem muito mais validação, muito mais reconhecimento da importância do trabalho que a babá faz nos primeiros anos (da infância) do que no Brasil. E eu creio que o nosso papel é bem mais definido. O trabalho de uma babá aqui, principalmente uma babá educadora, é passar o tempo com a criança, ter aquela atenção individualizada, levar para o parquinho e, no Brasil, é ser a babá de ‘mil e uma utilidades’, a babá que não só cuida da criança, mas também da casa”, alerta.
E prossegue: “Nos EUA, os pais realmente procuram babás que tenham um conhecimento a mais, esse interesse em conhecer mais sobre desenvolvimento infantil. Às vezes, no Brasil, a gente sabe de onde veio nosso trabalho, ele tá enraizado também na escravidão, então o jeito que as pessoas olham pra essa profissão é bem diferente”.
A brasileira deixa também uma dica para quem deseja se tornar babá educadora nos Estados Unidos e se destacar. Segundo ela, é necessário que a candidata se dedique a estudar sobre desenvolvimento infantil e formas de educar as crianças, já que muitos pais vão questionar isso na hora da entrevista. A profissional fala que não necessariamente a babá precisa ter cursos mirabolantes, mas que ler bons livros sobre o assunto pode ajudar.
Além disso, é importante que a candidata busque se informar em relação aos seus direitos profissionais no país em que irá atuar como babá.
“Eu trabalho com muitas meninas que, às vezes, por não terem documentação, se sentem inseguras e acabam sendo exploradas por acharem que não têm outra saída, e não é verdade. Temos leis aqui (nos EUA) que realmente protegem trabalhadoras domésticas, independente da questão de papelada, de ter Green Card ou não, então é bom saber sobre isso também e, lógico, peça ajuda a alguém que faça esse trabalho ou simplesmente tenha alguém lá para te apoiar quando você precisar de alguma coisa”, explica.
Thaty revela que deseja continuar aprimorando seus conhecimentos através do estudo, inclusive quer se preparar para entrar em um doutorado até o ano que vem. A babá educadora pretende lançar, em português, um programa que já existe em inglês, que funciona como uma educação contínua para babás e para pais, e publicar o seu segundo livro.
“É um curso com aulas que dou todo mês, então é tipo uma assinatura, que todo mês você tem direito a duas aulas, que falam sobre desenvolvimento infantil, tiram dúvidas, falam sobre contratação de babás e etc. Aqui nos EUA, para você ser uma professora, até de creche, você precisa completar, pelo menos, dez horas de educação contínua, todo mês. Então, foi com base nisso que eu criei esse programa”, finaliza.
A educadora que também presta consultorias e pretende, logo mais, se dedicar a dar palestras também em seu país natal, para contribuir com a comunidade brasileira.
Esportes
Alerta: Jovens atletas também são sujeitos a problemas cardíacos
Cultura
Garimpo e omissão do governo levaram à tragédia humanitária do povo Yanomami
A crise humanitária no Território Yanomami, maior reserva indígena do Brasil, vai exigir das autoridades ações enérgicas para que seja resolvida. O Ministério dos Povos Indígenas estima que ao menos 570 crianças tenham morrido de fome, desnutrição e contaminação pelo mercúrio em 2022.
Especialistas apontam que a tragédia é resultado direto dos cortes de recursos para a saúde indígena no governo Bolsonaro e da tomada das terras pelo garimpo nos últimos anos. Os números são estarrecedores: há 20 mil garimpeiros na região, quase o tamanho da população de 28 mil povos originários no local. Eles têm causado desorganização social e gerado problemas de segurança, dificultando ainda o acesso de equipes de saúde às regiões em que há doentes.
Existe ainda um agravante. O garimpo leva à contaminação dos rios e cria escavações no solo que geram depósitos de água em que há proliferação de mosquitos. Com isso, há um aumento muito grande nos casos de malária.
A literatura para conscientizar
O livro “Descobertas de Inaiá”, da escritora de Isa Colli, aborda todos esses problemas e aponta as soluções para cada um em uma linda história da indiazinha que saiu para descobrir o mundo do homem branco, sem nunca abandonar as suas raízes.
Inaiá vive na tribo Kambeba, na região do médio Solimões, na Floresta Amazônica. Os Kambeba, originários do Peru, também são chamados de Omágua, que significa o povo das águas. Na história, Inaiá descobre um mundo repleto de desafios e novidades quando começa a estudar em uma escola fora da aldeia. A chegada da jovenzinha no colégio novo muda a sua vida e a dos colegas de classe.
“Inaiá e os amigos aprendem, juntos, a riqueza das tradições indígenas, os problemas que esses povos enfrentam no dia a dia e a importância de se respeitar as heranças culturais de diferentes nações. Eu procuro despertar nas crianças um sentimento de pertencimento à cultura indígena, já que são os povos que já habitavam nosso país na época do descobrimento”, ressalta Isa.
Na história, a criançada irá conhecer, ainda, lendas e danças do folclore brasileiro, passadas de geração a geração pelos povos indígenas. “Se tivermos crianças conscientes, evitaremos que as futuras gerações fechem os olhos para problemas graves, como a tragédia que afeta neste momento o povo Yanomami. O que aconteceu ali foi genocídio. Não há outra palavra”, conclui Isa.
O livros Descobertas de Inaiá está disponível nos principais site e plataformas de venda como Amazon, Kobo e book.google ou no site collibooks.com
destague
Faturamento do e-commerce brasileiro tem alta de 27%
O e-commerce brasileiro registrou um faturamento recorde em 2021, totalizando mais de R$ 161 bilhões, um crescimento de 26,9% em relação ao ano anterior. O número de pedidos aumentou 16,9%, com 353 milhões de entregas, segundo levantamento da Neotrust, empresa responsável pelo monitoramento do e-commerce brasileiro. O valor médio por compra também registrou aumento de 8,6% em relação a 2020, atingindo a média de R$ 455.
No balanço trimestral, um dos destaques é o aumento no número de pedidos do primeiro trimestre, que passou de 49,9 milhões em 2020 para 78,5 milhões em 2021.
“O varejo on-line continua com tendência de crescimento, mesmo após a flexibilização das restrições devido à pandemia e a retomada gradual do comércio físico. Apenas no quarto trimestre de 2021, foram realizados 101,6 milhões de pedidos, contra 86,6 milhões em 2020. O faturamento atingiu R$ 46,4 bilhões em 2021, contra R$ 38,7 bilhões em 2020”, destaca Paulina Dias, líder da área de inteligência da Neotrust, responsável por fazer levantamentos e análises referentes ao varejo on-line.
As categorias com mais pedidos feitos em 2021 são: moda, beleza e perfumaria, e saúde – que apresentou crescimento de 87% no faturamento de venda de remédios pela Internet.
Celulares, eletrodomésticos e eletroeletrônicos foram os segmentos com maior faturamento no ano passado. As regiões de maior destaque são o Sudeste, que concentrou 62,3% das encomendas de 2021, e o Nordeste, com 15,1% – o equivalente a 3,5 pontos percentuais a mais que em 2020 para a região.
Os resultados por gênero indicam que as mulheres respondem por 58,9% dos pedidos, frente a 41,1% dos homens. O ticket médio feminino, porém, é menor que o masculino: R$ 387 contra R$ 552, respectivamente.
O índice por idade demonstra que as compras on-line vêm predominantemente da faixa etária dos 36 a 50 anos, representando 34,9%, e dos 26 a 35 anos, representando 32,1% do volume total. Já as compras feitas por pessoas com mais de 51 anos passaram de 15,5% em 2020 para 16,6% em 2021.
O levantamento mostrou ainda que o cartão de crédito continua sendo a forma de pagamento preferencial dos brasileiros no e-commerce.
69,7% das compras foram feitas com cartão de crédito,
16,9% com boleto bancário,
11,1% com outras formas de pagamento (como wallet e cashback)
2,3% via PIX.
Embora ainda sejam pouco expressivos, os pedidos pagos com PIX aumentaram em 2021: em janeiro representavam 1% entre todos os meios de pagamento e em dezembro atingiram 4%.
Receita deve crescer em 2022
Segundo projeção da empresa para 2022, a receita do e-commerce deve crescer cerca de 9%, atingindo um faturamento recorde de R$ 174 bilhões neste ano. Porém, a inflação, o dólar alto e a projeção pessimista do PIB brasileiro são fatores que podem impactar negativamente o crescimento do varejo on-line.
A expectativa é que os pedidos pela Internet aumentem em 8%, totalizando 379 milhões de compras. Já o ticket médio deve se manter estável, com aumento de cerca de 1%, estimado em R$ 460 por pessoa.
As categorias que mais devem crescer são:
Eletrônicos (21%),
Eletro portáteis (19%),
Alimentos e bebidas (18%).
Já os segmentos de maior faturamento devem ser:
Telefonia (R$ 32,4 bilhões),
Eletrodomésticos (R$ 23,7 bilhões)
Eletrônicos (R$ 18,6 bilhões).
“Para 2022 é esperado que haja uma expansão no marketplace, com as empresas mais preparadas para este canal. Outra tendência é a melhoria na interação do físico com o digital, que irá permitir mais eficiência nas compras e na relação do consumidor com a loja”, analisa Fabrício Dantas, CEO da Neotrust.
“Em relação aos pagamentos, as carteiras digitais e o PIX devem continuar em alta, de forma a ampliar sua participação no e-commerce. Com um mercado cada vez mais competitivo, o varejo on-line deve apostar em fretes mais rápidos e funcionais, por exemplo, como forma de atrair e reter clientes”, explica Dantas.
Novos consumidores para o e-commerce
A pandemia da COVID-19 acelerou a migração das pessoas para o consumo digital. Uma pesquisa feita pela consultoria Ebit/Nielsen, em parceria com o Bexs Banco, mostra que o e-commerce do Brasil cresceu, em 2020, 41% e ganhou novos 13 milhões de consumidores. O avanço foi possibilitado pelo fechamento das lojas físicas e medidas de restrição de circulação.
A expectativa é de crescimento do comércio eletrônico entre os brasileiros para os próximos anos. De acordo com a pesquisa Future of Retail, feita pela Euromonitor International e o Google, a projeção de crescimento entre 2021 a 2025 é de 42%. E levantamento também aponta que 25% dos novos consumidores são da geração Z, nascidos entre 1995 e 2010.
“O brasileiro está se adaptando ao ambiente de compras on-line, e um ponto bastante curioso é que, embora as restrições da COVID tenham impulsionado-as, o e-commerce concretizou suas projeções de crescimento para os próximos anos, mesmo depois do fim da pandemia”, explica Leiza Oliveira, CEO da Minds Idiomas.
Segundo a empresa, dois em cada 10 brasileiros compram cursos via web.
“Esse crescimento está ligado não só ao fato das pessoas terem o costume de colocar em prática seus planejamentos e suas metas no início do ano, como também à onda de adeptos ao e-commerce, que chegou para facilitar e agilizar o processo de compra no mercado”, conclui Leiza.
Mas, ela ressalta que o consumidor é sensível ao valor do frete. Quanto maior o valor para envio da mercadoria, maior é a chance de uma reclamação sobre qualquer aspecto da compra.
Produtos com o frete grátis resultaram em 43% dos pedidos feitos, tendo apenas 5,9% de queixas, se revelando um grande motor para o comércio eletrônico.